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Bergen-Belsen – Uma visita onde funcionou o Campo de Concentração

 

Bergen-Belsen é um campo de concentração que funcionou entre 1940 a 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.

Como chegar a Bergen-Belsen

Ele fica localizado em Bergen, uma pequena cidade do Estado da Baixa Saxônia, mas é uma ótima opção de bate-volta para quem esta em Hanover, que fica a aproximadamente 50 Km de distância.
Para quem vai de carro, a localização exata é difícil de achar no GPS, mas o caminho é bem sinalizado por placas. Para saber mais informações de como chegar no campo de concentração com outros meios de transporte, clique aqui.
A entrada para o campo de concentração Bergen-Belsen é grátis.
Ele fica aberto todos os dias. De outubro a março das 10 às 17 horas, e de abril a setembro das 10 às 18 horas.

O Campo de Concentração 

No início Bergen-Belsen servia para abrigar os prisioneiros de guerra, a maioria russos, mas também ficaram presos lá alguns italianos, belgas, poloneses, entre outras nacionalidades.

Esses prisioneiros seriam usados como moeda de troca, para recuperar soldados alemães que também haviam sido capturados.
Após algum tempo de guerra, os campos de concentração foram ficando lotados, e foi então que o campo de Bergen-Belsen foi ampliado para receber também as outras vítimas da guerra, judeus, homossexuais, ciganos, deficientes físicos.
Esse campo não era de extermínio, não possuía câmara de gás, nem crematório, mas a super lotação, a má alimentação e higiene, começaram acarretar alguns problemas, como a infestação de piolhos e a transmissão, sem controle, de tifo, que é uma doença causada por uma bactéria. A Tifo é tratada com antibióticos, mas isso naturalmente não acontecia nos campos de concentração, se os alimentos eram escassos, imaginem os remédios.
Mesmo assim, morreram cerca de 70 mil pessoas, a maioria de fome ou pela tifo.
No dia 15 de abril de 1945, os britânicos chegaram a Bergen-Belsen para libertar os prisioneiros. Existem vários depoimentos dos soldados britânicos descrevendo o cenário de horror que eles encontraram. Mesmo depois da libertação do campo, as pessoas continuaram morrendo, alguns casos, infelizmente, eram irreversíveis.  
Uma das prisioneiras desse campo foi Anne Frank, que junto da sua irmã Margot, morreram de tifo meses antes da libertação do campo. 

No dia 04 de abril de 2015, fui visitar Bergen-Belsen e vou contar para vocês aqui minhas sensações e impressões.
Bergen-Belsen
Essa é a entrada do campo
Bergen-Belsen
Essa é a exposição sobre o campo

Memorial Bergen-Belsen

Não existe mais nada da época que era um campo de concentração, mas foi construído um memorial onde encontram-se muitos documentos, fotos, objetos, informações sobre os prisioneiros, o funcionamento do campo, a libertação. Existem alguns casos especiais, como o de uma enfermeira que foi capturada, presa e deportada para Bergen-Belsen. Ela acabou conhecendo seu marido e casando dentro o campo. Eles sobreviveram a guerra e voltaram para a Russia depois que ela acabou.
Alguns casos podemos encontrar nesses livros, com muitas informações e fotos.

Bergen-Belsen
Lendo sobre a história de uma enfermeira que viveu no local
Bergen-Belsen
Nessa sala passam filmes que foram feitos durante a libertação do campo, com depoimentos dos soldados e médicos, falando sobre o estado que encontraram as instalações e as pessoas

Esse da foto abaixo chamava-se Josef Kramer, ele era o comandante de Bergen-Belsen em abril de 1945, e não fugiu quando soube que os britânicos se aproximavam. Ele esperou, foi preso e passou informações aos soldados com muito sangue frio.
Ele foi julgado e condenado a morte, junto com outras pessoas que também eram responsáveis pelo campo .

Bergen-Belsen
Bergen-Belsen
Objetos originais encontrados no campo
Bergen-Belsen
Roupa que era usada pelos prisioneiros homens, o famoso e triste pijama listrado

Anne Frank em Bergen-Belsen

Como já disse acima, Anne Frank e sua irmã foram deportadas para Bergen-Belsen. Após a guerra, quando Otto Frank, pai das meninas, voltou para Amsterdam ele não tinha muitas informações. Então  colocou esse anúncio no jornal, com a esperança de que alguém lhe desse notícias sobre suas filhas.

Bergen-Belsen

Mas infelizmente Anne e Margot Frannk morreram de tifo meses antes da libertação do campo.

Bergen-Belsen
Em março de 1945 morreu Margot Frank de tifo. Anne também estava muito doente.

Nessa parte passa um vídeo com depoimento de uma amiga de infância de Anne que sobreviveu à guerra. Esse depoimento também passa no Museu Anne Frank em Amsterdam. Ela também ficou em Bergen-Belsen e conta como foi seu último encontro com Anne, onde ela tentou ajudar, entregando-lhe comida. Ela relata que Anne já estava doente e muito magra, não lembrando quase nada dessa menina da foto abaixo.

Bergen-Belsen
Um painel contando um pouco da trajetória de Anne

Muitas pessoas arriscavam suas vidas escrevendo em cadernos o que acontecia no seu dia-a-dia. Existem muitos diários sobre a vida nos campos de concentração durante a guerra. Tive  oportunidade de conhecer mais alguns, que pretendo ler.

Bergen-Belsen
Alguns diários escritos

Nessa parte do memorial me emocionei muito e me emociono ainda de lembrar. Eu estava vendo depoimento de sobreviventes, onde eles contavam que perderam os pais e irmãos, passaram fome e sofreram muito com doenças. Alguns chegaram a falar que queriam morrer, assim o sofrimento deles acabaria. Outros pediam para morrer, pois sem nenhum familiar mais, eles achavam a vida sem sentido. Foi muito sofrimento.

Bergen-Belsen
Bergen-Belsen
Aqui são os nomes dos membros da SS que foram presos e julgados.
Do primeiro nome até Johanna Bormann foram condenados a morte por enforcamento, o restante foi apenas preso.

Infelizmente, estão expostos vídeos e fotos muito fortes, com imagens que não agradam os olhos, nem o coração. Não vou coloca-las aqui, mas devemos sempre lembrar das crueldades que o ser humano foi capaz de fazer um dia, e não só com judeus, mas sim com muitas outras pessoas também inocentes.

Bergen-Belsen

Na parte de fora do memorial, existe uma grande área verde. Era nessa área que se encontravam os barracões de Bergen-Belsen.

Bergen-Belsen

Nessa área, alguns familiares colocaram lápides como uma homenagem aos parentes que morreram ali. Os túmulos estão apenas representando os mortos, e não significa que eles estão enterrados exatamente nesse local. Em Bergen-Belsen foram enterradas muitas pessoas que não tiveram suas identidades conhecidas.

Bergen-Belsen
Bergen-Belsen
Essa foi colocada em homenagem a Anne e Margot Frank, onde parei por alguns minutos para fazer minhas orações
Foi construída uma casa chamada de casa do silêncio. É um local dedicado às orações.
Bergen-Belsen
Casa do silêncio
Bergen-Belsen
Dentro as pessoas colocam cartas endereçadas as vítimas, podemos encontrar muitas para Anne
Encontramos muitos morros de terra no local, que são valas comuns onde muitos e muitos corpos foram enterrados juntos. Não haveria espaço para tantas mortos, então as valas comuns foram a solução que os soldados encontraram para que pelo menos todos fossem enterrados.
Nessa foto abaixo está escrito que nessa vala estão enterrados 2500 corpos.
Bergen-Belsen
Bergen-Belsen
Esse obelisco é outra homenagem as vítimas
Bergen-Belsen
Aqui estão 2 plantas de como era o campo na época que era apenas para prisioneiros de guerra, e depois quando ele foi ampliado
Bergen-Belsen

O que senti

Nessa última foto pude perceber meu semblante. Não foi nada planejado, apenas quis registrar a minha imagem junto a essa placa, pois é um lugar que sempre quis conhecer. O sorriso apenas não saiu, é impossível sorrir num lugar desses. Sou fascinada por assuntos sobre a guerra, e gosto de saber mais, de saber histórias, mesmo sendo um período triste da história mundial.

Minha sensação ao visitar essa parte do campo, por incrível que pareça foi de tristeza. Fiquei muito mexida na parte do memorial, onde chorei muito (sou chorona mesmo), por ver tanto sofrimento. Quando vemos algum caso que possui nomes, quando vemos o rosto de alguém que passou por essas atrocidades, para mim, é uma sensação muito triste. Mesmo assim, eu poderia ficar horas e horas, lendo as histórias em detalhes, me importando mesmo com cada vida que passou por ali!!

Para quem gosta de saber mais sobre essa parte da história, esse é um lugar imperdível!!
Acredito que esses lugares devem ser conservados, para que não se esqueça nunca até onde pode chegar a maldade humana.

Bergen-Belsen…um lugar para refletir…

Fiz um vídeo curtinho do meu passeio, assistam!!

Bis bald
Bjooo

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19 Comments

  • Reply
    Gisele
    17 de abril de 2015 at 20:00

    Uau! Que experiência hein Li?! Fascinante e triste ao mesmo tempo! Me arrepiei só de ler, fico imaginando estar num lugar como esse! Tanta história, tantos relatos… no mínimo, muito emocionante visitar esse lugar! Parabéns mais uma vez!

  • Reply
    Jaque
    17 de abril de 2015 at 20:00

    Fascinante.

  • Reply
    A Li na Alemanha
    17 de abril de 2015 at 20:04

    Obrigada pela visita Jaque!! 🙂

  • Reply
    A Li na Alemanha
    17 de abril de 2015 at 20:07

    Esse lugares me proporcionam um crescimento espiritual enorme. Você precisa conhecer um desses lugares Gi!! Obrigada pela visita!! Bjo 🙂

  • Reply
    Carlos Eduardo Bugaisk
    31 de dezembro de 2015 at 06:06

    Parabéns pela matéria! !!!

  • Reply
    Bianca Marcelino
    28 de maio de 2016 at 17:01

    Oi!
    Gostei de conhecer um pouco sobre esse campo, não conhecia o Bergen- Belsen, hoje estava lendo o livro (Os sete últimos meses de Anne Frank – Willy Lindwer) e me deparei com esse nome e resolvi pesquisar sobre e acabei encontrando o seu relato de visita. Também gosto muito de ler e conhcer histórias e lugares dessa época triste que essas pessoas passaram. Estou morando na Itália e planejando visitar a Alemanha e Polonia, mas não sei se conseguiria ir a um dos campos.

    MUITO obrigada por compartilhar essa experiencia!
    Beijos Bianca

  • Reply
    A Li na Alemanha
    28 de maio de 2016 at 17:03

    Oi Bianca!! Obrigada por ler o post!!
    Não sei que região da Itália vc mora, mas aí tem uma pequena rota que foi a que os pracinhas brasileiros percorreram quando chegaram na Itália durante a Guerra. Ainda não consegui fazer, mas acho que é interessante.
    Bjooo

  • Reply
    Bianca Marcelino
    30 de maio de 2016 at 14:40

    Oi ALine,
    Então estou morando no norte da Itália, em Padova!

    Me interessei nessa rota, vou querer conhecer também 😀

    Baci !

  • Reply
    A Li na Alemanha
    30 de maio de 2016 at 14:55

    Bianca, estive pertinho de vc esses dias, passei por Veneza, Verona e Treviso!!
    Pelo que vi, as cidades dessa rota sao: Pistoia, Montese e Monte Castello. Me mande um email para que eu possa te enviar um mapa do roteiro que tenho aqui. 🙂
    Bjooo

  • Reply
    Bianca Marcelino
    30 de maio de 2016 at 17:07

    Que legal Aline!!! Moro bem próximo da Basilica de Santo Antonio de Padova 😀

    Veneza já fui(era meu sonho), Verona estou aguardando ansiosamente para visitar e conhecer Julieta *-* e Treviso vou colocar no meu guia.

    Nossa, não ouvi falar de nenhuma dessas cidades!

    Meu e-mail é: biancamarcelin@gmail.com

    Estou adorando conversar com você!

    bjinhos

  • Reply
    A Li na Alemanha
    30 de maio de 2016 at 17:16

    Eu também!! 🙂
    Acabei de te enviar um email com o roteiro!!

  • Reply
    alguém
    9 de julho de 2016 at 08:04

    Que interessante sua experiência!
    O assunto Segunda Guerra Mundial e Holocausto sempre me interessou desde criança, não sei bem ao certo o porquê. Mas não sei se eu teria espírito forte para visitar um campo de concentração, como Auschwitz e Bergen Belsen. Mas achei lindo o local que eles construíram em homenagem as vitimas. Além disso, é interessante notar em fotos e relatos que Bergen Belsen e Auschwitz apesar de terem sido o tumulo de tantas pessoas eram muito diferentes na paisagem – enquanto Auschwitz foi um local árido, sem vida, Bergen Belsen têm a natureza ao seu redor.

  • Reply
    A Li na Alemanha
    9 de julho de 2016 at 08:06

    Verdade, em Bergen-Belsen tem muito verde ao redor. Ainda nao fui em Auschwitz, mas quero muito conhecer, apesar de tudo.
    Obrigada pela visita e comentário!!

  • Reply
    Aline
    1 de junho de 2017 at 18:41

    Também sou fascinada por essas histórias.
    Encontrei seu blog ao procurar por Bergen Belsen depois de ler “A bibliotecária de Auschwitz”.
    Tenho uma viagem programada pra Alemanha e uma das paradas é Dachau.
    Incríveis essas fotos. <3

  • Reply
    Lorena Fernandes Lemos
    13 de junho de 2017 at 13:42

    Boa tarde,
    Que interessante, adoro histórias de guerra e pretendo fazer um tour conhecendo Alemanha e Polônia.
    Minha dúvida é: como funciona esses passeios? Em alemão? Inglês?
    Eu sei um inglês bem básico, acha que consigo captar a mensagem sem falar nada?

    • Reply
      Aline Dota Naganawa
      14 de junho de 2017 at 04:00

      Olá Lorena, obrigada pela sua pergunta!
      Quanto aos passeios, depende muito do local, alguns não tem áudio-guia (apenas explicações escritas), outros tem em várias línguas e outros tem visita guiada. No caso de Bergen-Belsen, não existe áudio-guia, apenas as explicações nas fotos (que são escritas em alemão e inglês) e os depoimentos, que normalmente é na língua natal do sobrevivente com legenda em alemão e inglês.
      Se vai a Polônia, em Auschwitz, a visita é guiada, e conseguirá fazer em espanhol.
      Em alguns lugares as imagens falam por si!
      Bons passeios!

  • Reply
    Rita Alves
    25 de janeiro de 2018 at 22:23

    Alô Aline! Identifiquei-me imenso com o seu depoimento apesar de nunca ter estado neste campo. Apenas em Auschwitz-Birkenau. Também sou completamente fascinada por estas passagens da história, apesar de serem horrivelmente tristes. Recomendo o livro ‘A Bibliotecária de Auschwitz’ de Antonio G. Iturbe. Estou a acabar de o ler neste momento e é, sem dúvida, um relato que nos leva a Auschwitz, a Bergen-Belsen e a todo esse horror que se viveu.
    Boas viagens e continuação de bons posts! 🙂

    • Reply
      Aline Dota Naganawa
      26 de janeiro de 2018 at 09:37

      Olá Rita! Muito obrigada pelo seu comentário!
      Eu já li a Bibliotecária de Auschwitz, que apesar de ser listado como ficção, tem muitas coisas baseadas em fatos e pessoas reais. Esse livro é ótimo mesmo!
      Bjos

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